terça-feira, 8 de novembro de 2016

Resenha #50 - Os invasores de corpos (Jack Finney)

"Os invasores de corpos" de Jack Finney é um clássico da Ficção Científica, Terror e, também, uma das parábolas políticas mais famosas do tempo de Guerra Fria. Um padrão de estória que até hoje continua sendo copiado em produções de Hollywood.

A estória já se tornou clichê, mas cuidado ao usar este termo nesta obra, pois este era uma grande novidade por misturar o Terror e FC num ambiente de cidadezinha do interior. Tudo começa quando o Dr. Miles recebe pacientes alegando que parentes próximos foram substituídos por impostores. São sintomas do que hoje chamamos de Síndrome de Capgras. Miles pede ajuda de colegas psicólogos para resolver o problema. Contudo, Miles acaba descobrindo ser verdade, pois uma silenciosa invasão alienígena estava em curso. Ele e uma antiga paixão, Beckey, estão presos na cidade tentando descobrir com escapar da situação.

A obra é toda narrada em primeira pessoa, na pele do Dr. Miles, e segue a narrativa típica do Best-seller estadunidense, com um homem comum lidando com algo extraordinário, com conflitos, dramas e uma garota. Tem uma ou duas cenas de ação e um debate de ideias e valores com algum antagonista e... leia você mesmo, [SEM SPOILERS] lembra?!. O ritmo é intenso e o clima de paranoia é bem aproveitado pela narrativa do ponto de vista comum de Miles e a forma como os alienígenas são retratados é angustiante. Já, o romance com Beckey é típico dos filmes que os próprios personagens tentam não seguir. Um livro fácil de ler e de entender.

Parábola da Guerra Fria
Finney soube fazer terror com a paranoia da Guerra Fria. Na época em que o livro foi escrito (1955) a "Caça as Bruxas" nos EUA estava a pleno vapor. A obra projeta o medo do comunismo no alienígena que enganosamente parece humano, mas esconde apenas o instinto de reprodução. São seres sem emoção, sem valores morais e imbuídos de um coletivismo inquestionável tal qual foram estigmatizados as sociedades sob o comunismo naquele período. Por outro lado, o estadunidense é visto como a vítima frágil e protetora dos valores universais humanos, condensadas pela pequena cidade interiorana. 

Ainda que a ambientação em cidadezinhas para o terror seja herdada do gótico e a invasão alienígena, por sua vez, da obra de Wells, a fórmula foi repetida a exaustão nas produções cinematográficas de Hollywood, com três adaptações ao cinema e vários filmes derivados que bebem dessa fonte.

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