sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Resenha - Revista Quadrante Sul número 7

Esta é a última resenha desta série do Quadrante Sul que, até o momento que vos blogo, chegou a sua sétima edição. Já terminei a leitura querendo saber de mais, mas vendo o distanciamento temporal entre as publicações é bom ter paciência.

REVISTA QUADRANTE SUL Nº7
Neste número, os editores buscaram dar um novo passo na publicação, pois ao invés de várias estórias curtas, agora temos uma estória apenas, que ocupa todas as 34 páginas da edição. "Um plano maquiavélico" é também um crossover entre dois personagens: A super heroína paraibana "Velta" (solta raios de calor pelas mãos), de Emir Ribeiro e o gaúcho "Aproveitador" de Gervásio Santana. 
A estória começa com o Inspetor mineiro Gilberto Gomes, antigo parceiro de "Velta", que encontra seus informantes assassinados uma a um, sempre acompanhados de um bilhete ameaçador assinado por Neco G. Então, um sequestro leva os dois heróis ao Rio Grande do Sul onde são ajudados (não sem um incentivo financeiro, é claro) pelo mercenário "Aproveitador".
A estória é uma aventura, acima de tudo, muito divertida e os traços de Zambi ajudam no clima da aventura, trazendo bastante expressão aos personagens. Tá mais do que recomendada a leitura.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Resenha #48 Conto, Bento Alves e o Assalto ao Templo Positivista - Enéias Tavares

"Bento Alves e o Assalto ao Templo Positivista" é o primeiro de uma coleção de seis contos do mundo "Brasiliana Steampunk", que tem um livro lançado: "A lição de anatomia do temível Dr. Louison" e já foi resenhado no blog.
O conto narra um episódio que é apenas citado no livro, o recrutamento do aventureiro Bento Alves para a Sociedade Secreta do Pártenon Místico pelo Dr. Beningus. Bento logo descobre que é parte fundamental no plano do Pártenon de regatar Vitória Acauã, que está em cativeiro no Templo Positivista, onde é cobaia de experimentos pseudo-científicos.
Tudo é narrado em forma de carta, num relato detalhado pelo próprio Bento Alves. A forma epistolar de escrita é presente também no primeiro livro da série. Nesse ponto o conto serve também como uma introdução ao mundo criado pelo autor para quem ainda não conhece e, ao mesmo tempo, serve para, quem já leu o romance, como este que vos escreve, matar a saudade dos personagens. A única diferença é que neste conto o foco é a ação, logo, a leitura passa bem rápido enquanto o romance envolve um mistério no estilo policial. Ambas as leituras estão recomendadas.
O conto pode ser encontrado no blog dedicado a série http://brasilianasteampunk.com.br/
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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Resenha - Revista Quadrante Sul número 6

REVISTA QUADRANTE SUL Nº 6
Voltando a resenhar a Revista Quadrante Sul, vamos ao número 6. O destaque está logo na capa com uma arte espetacular, que remete a primeira estória, "Viva a Involução", que ocupa a maior parte da edição. Trata-se de uma ficção científica com inspiração cyberpunk, que estamparam a edição 4 da revista mas não tinham uma estória. É o primeiro capítulo de um mundo em construção, uma Porto Alegre futurista de 2088, assolada por uma droga terrível que transforma usuários em monstros. A estória deixa muitas pontas soltas e uma vontade danada de saber o que vai acontecer. Resta aguardar o número 8 para saber. O destaque é para a qualidade da arte, a personagem que toma conta da estória é muito expressiva e misteriosa.
A segunda estória, temos "Bruce, O Exterminador" em "Minha menina" que manda o recado em duas páginas. O traço forte o texto cru, seco e direto me agradam bastante. 
Em "Infinitus!" temos um punhado de guris que se formam uma banda de rock para gritar contra a letargia do mundo, com traços de mangá e textos distribuídos de forma criativa nas páginas contam a estória e contextualizam o mundo criado.
"Redenção" temos a volta do "Caçador", que apareceu sem máscara no nº 4, agora no seu jogo preferido, caçando um vilão de nome Gandu. O combate está muito bem feito e os personagens são ótimos.
Na última página, como na edição anterior, uma unica página e sete quadros numa estória rápida com um personagem de Jack Jackson, conhecido dos zines, "Amazon" um índio protetor da amazônia. A estória se chama "Caça" e o traço muito bonito chama a atenção.

Senti falta do "Aproveitador", mas como resenho já sabendo da próxima edição, sei que a espera vale a pena.

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terça-feira, 18 de outubro de 2016

Resenha #47 - Promessa de liberdade (Evelyn Postali)

[SEM SPOILERS]
"Promessa de liberdade" é uma distopia nacional da escritora gaúcha Evelyn Postali. A estória se para em uma Realidade Alternativa onde o Brasil se torna uma grande potência econômica porém o sistema escravista nunca acabou, pelo contrário, tornou-se mais racionalizado e cruel. A narrativa é tensa e direta, tendo a liberdade como tema principal.

Nesse presente alternativo, o livro conta estória de Carlos, o filho mais novo da família Almeida Paes Leme, que vive afastado do pai, Fernando, um dos homens mais poderosos do país e dono da maior empresa comercializadora de negros escravizados. Após uma sabotagem de um grupo Abolicionista, Júlio, um dos cativos que consegue fugir encontra abrigo na casa de Carlos, que se vê obrigado a sair do comodismo e lutar pelos seus ideais, ou ser arrastado pela ditadura que domina o país. No desenrolar da estória, prevalece a tensão, desconfiança e afeto mútuos entre Carlos e Júlio e, também com seus familiares e amigos da banda de Rock que faz parte.

Uma distopia onde a liberdade é apenas uma promessa
Evelyn reconstrói um presente alternativo ao mesmo tempo absurdo e sólido. E se o Brasil ainda existisse escravidão? Há quase 3 décadas, a África do Sul ainda vivia o Apartheid e não muito antes disso, os EUA ainda mantinham leis abertamente segregacionistas, então o absurdo encontra pontos de contado com a mais terrível verdade nessa obra. Não é um livro para divertir pois a narrativa é direta e competente em passar a frieza desse mundo. A trama tem boas reviravoltas pois todos os personagens tem algo a esconder.
Os abolicionistas, são outro elemento que movimentam a estória, com um paralelo aos guerrilheiros da ditadura militar de 1964, sendo mais frágeis e, contra eles, a tecnologia da vigilância atual trabalhando contra qualquer ato de rebeldia. Tecnologia aparece apenas para mostrar a racionalização do sistema escravista, bem adaptado a economia de mercado atual. Ainda que nada disso esmiuçado, cumpre a função de mostrar a frieza desse mundo afetando as relações de Carlos, esse sim, o foco central da trama. A única coisa que senti falta foi de mais personagens negros além de Júlio.

A edição é bem caprichada. Tem uma arte muito bonita nas páginas que dividem cada uma das três partes, no prólogo e epílogo. Nota-se cuidados com o livro não param no texto bem escrito da autora. A leitura está mais que recomendada.
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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Resenha - Revista Quadrante Sul número 5

Vamos dar sequência a série de resenhas das revistas Quadrante Sul, que reúnem fanzineiros apaixonados por quadrinhos. Depois de falar da nº4, vamos para a nº5 que adquiri no último Gibifesf, em Setembro último, num pacote com 4 edições.

REVISTA QUADRANTE SUL Nº5
Este número conta com alguns retornos e novos personagens. Imagino o trabalho aos editores colocar ao menos um pouco da contribuição de cada zineiro. A edição está menor em número de páginas, porém os quadros estão menos comprimidos. Isso melhora a visualização de cada quadro o que faz bastante diferença, principalmente na primeira estória, "O ritual" que é bastante visual, com poucos diálogos. Nela o personagem "Predador" encontra um indígena numa terra árida prestes a cumprir um ritual. Os momentos mais importantes não possuem diálogos. Uma ótima abertura para  a revista.
"Bruce, o Exterminador" retorna em mais uma página, pois suas estórias são curtas mesmo, e mais um contrato. O cenário em um dia claro não o deixa a estória mais leve. A boina, no estilo Chê Guevara é sensacional.
"Memórias de Boxing Joe", ao contrário das outras, é uma estória de origem, de um... não se dizer se é herói ou vilão, mas é muito criativo, com certeza. Um menino nascido sem braços e pernas, cresce sendo zoado mas também admirado pelo trabalho em próteses, enquanto isso o mundo toma um caminho muito diferente do nosso.
O personagem "Eliminador" retorna em "A Nova Ordem". Uma estória mais encorpada, violenta e com um cenário passado um Rio Grande do Sul distópico. A revista já terminaria bem com esta estória mas a última página vem com a cereja do bolo. "Estranhos Prazeres", de Jader Correa, faz  em apenas 7 quadros em uma Ficção Científica, critica, densa e muito bem desenhada.
A revista ganhou o Prêmio Angelo Agostini de 2012!

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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Resenha #46 - O Alienista (Machado de Assis)

Este é a primeira, de uma série de resenhas, que farei de obras clássicas da literatura brasileira que aparecem na série Brasiliana Steampunk, que conta atualmente com um livro ("Lição de anatomia do temível Dr. Louison") e alguns contos. A série é como uma "Liga Extraordinária" com personagens da lit. brasileira. De "O Alienista", foram emprestados ao mundo criado por Enéias Tavares, Simão Bacabarte e D. Evarista Bacamarte.

[SEM SPOILERS]
"O Alienista", de Machado de Assis, gira entorno da loucura. A estória conta sobre Simão Bacamarte, um médico que chega a pequena cidade de Itaguí/RJ onde encontra espaço para desenvolver seus estudos médicos sobre a loucura. Para tanto constrói a Casa Verde que é, a rigor, um manicômio ao qual eram recolhidos todos que apresentavam sinais de demência. Contudo, a população começa a se revoltar quando pessoas consideradas sãs passam a ser recolhidas a Casa Verde.

A ironia toma conta de toda a obra que estende várias críticas ao Brasil de seu tempo.  A forma como essa ironia encontra-se na obra, ou seja, o uso da linguagem, é o que chama mais atenção na obra. Os discursos dos personagens, tanto o cientificismo de Bacamarte, quanto seus bajuladores e opositores, são vazios expondo toda sua hipocrisia. Contudo Simão Bacamarte, apesar de usar seu poder para uso pessoal, não é um pragmático pois acredita no que discursa levando até as últimas consequências. Ainda assim, retoma-se o velho problema posto por platão: "Quem fiscaliza os fiscais?". Quem determina o louco, se de perto todos somos normais? 


Simão Bacamarte de "Dr. Louison"
Na obra que trouxe uma estória alternativa ao personagem, Simão Bacamarte migra para Porto Alegre onde transforma o Hospital São Pedro, num Hospício. Essa versão do personagem está mais velho e aprendeu com os erros cometidos na Casa Verde (que teve um fim diferente neste livro) e deixa-se levar pela megalomania, construindo um local ainda mais complexo e realizando experimentos cruéis nos pacientes. O discurso cientificista de Bacamarte, é agora, influenciado por Cesare Lombroso e Francis Galton colocando-o como um vilão na série. 

Sobre a versão lida para a resenha.
O leitor pode encontrar análises muito mais profundas que a minha, já que o autor é amplamente lido, ainda que muitas vezes por obrigação. A quantidade de versões da obra por outro lado, permitem facilitar a leitura, que é muito rebuscada para nosso padrão de leitura atual. Vale procurar livros com letras grandes e confortáveis. Pessoalmente achei uma por R$ 5,00, da editora Ática, série bom livro, edição didática, que possuí um ensaio crítico, letras grandes e alguns comentários, em rodapé, que situam umas ironias sem poluir a leitura. Existem muitas outras mais e vale a pena atentar esses detalhes para aproveitar melhor a leitura. Sem contar que, por ser uma obra de domínio público, que deixo aqui para baixar.

O ALIENISTA (em .pdf)
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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Resenha - Revista Quadrante Sul número 4 - Vinte anos depois

A revista Quadrante Sul lançou seus três primeiros números entre os anos 1988-89 trazendo a proposta de uma revista em quadrinhos totalmente independente e com produção colaborativa. Em 2009, retomaram com o projeto e lançaram a edição número 4, seguindo a numeração original, contudo sendo a primeira desta nova fase. 
A publicação continua totalmente independente, contando estórias com personagens originais privilegiando o Brasil como cenário. Este ano, em julho, para ser preciso, eles lançaram a edição número 7. Adquiri um exemplar de cada (números 4,5,6 e 7) e farei uma série de resenhas, sendo esta a primeira, da nova fase da publicação. Apesar de não ser um leitor voraz de quadrinhos (li alguns do Demolidor e do Lanterna Verde) acredito que posso passar algumas impressões e despertar a curiosidade do leitor. 

REVISTA QUADRANTE SUL Nº4
A leitura rápida e as estórias são muito divertidas, ainda que curtas, é o suficiente para sentir um gostinho dos personagens e querer saber mais sobre eles. Não são estórias de origem dos personagens. Eles já chegam na ação, afinal já vem de fanzines do meio independente. São, também, quase todos, anti-heróis em cenários noturnos, muitas vezes distopias futuristas e outras distopias do presente.
A primeira estória é "Estranhos Invasores", divididas em cinco partes, cada uma desenhada por mãos diferentes, com os personagens "Caçador", um agente da PF do Brasil que está missão num voo para o Líbano e se vê numa rede de conspiração que tenta matá-lo ao mesmo tempo que "Alfa" cruza seu caminho, um Alien agressivo e violento que hospeda no corpo de Cristiano. A estória deixa margem para uma continuação.
No conto de tiro curto "Bar", o personagem "Bruce, o Exterminador" descarrega sua fúria em um bar esfumaçado. Destaque para os diálogos verossímeis, o traço cru de Shima e a boina de Bruce. Foi o que mais gostei.
"Aceita uma bebida?", é a estória que vem depois e acompanha um outro mergulho num bar escroto (que todos amam falar mal) com o "Eliminador" que está bebendo sozinho até a chegada de um velho conhecido. Prevalece a tensão entre os dois.
"Martin-pescador", traz uma trama que se passa em São Leopoldo onde o mercenário "Aproveitador" acaba atrapalhando os interesses de um empresário mafioso. A estória condensa muito acontecimentos, mas o personagem bastante carismático.

Vale a pena, não apenas para apoiar o trabalho independente mas também por trazer um frescor a tantas leituras estrangeiras que nos pegamos fazendo (vai dizer que não?!). Se ainda não está convencido, o preço de capa (R$ 4,90) por 38 páginas, vale muito a pena. Vamos ver o que o próximo número nos reserva...

Mais informações, vá direto na fonte: http://quadrantesul.blogspot.com.br/
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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Resenha #45 Conto, O Planeta Vermelho (Carlos Orsi)

O Planeta Vermelho, conto de Carlos Orsi, (coleção Contos do Dragão, Ed. Draco) traz neste terror uma escrita ao modo de H. P. Lovercraft, em uma paisagem futurista de uma Marte terraformada. Nos desertos vermelhos, revelados por fortes tempestades de areia, escondia-se um templo antigo de tempos imemoriais que se encontra em meio a intensas escavações. O protagonista, especialista em símbolos, é destacado para verificar os escritos. 
A escrita segue bem a linha descritiva de Lovercraft em forma de depoimento. Lembra bastante "A Sombra vinda do tempo" mas em Marte. Os apetrechos tecnológicos ajudam o clima tenso do conto. Quem aprecia estórias de Lovercraft e compartilha o fascínio deste blogueiro por Marte, vai apreciar a leitura.
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