quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Resenha #16 – Idoru (William Gibson)

[SEM SPOILERS]
Em Idoru, William Gibson nos entrega uma um mundo onde cada pedaço do ciberespaço construído pelos personagens possuem a mesma importância dos espaços físicos, em um ritmo mais lento e reflexivo, que o habitual.

A história

Quando Rez, um músico muito famoso, pretende se casar com uma Idoru (artista digital) o mundo das celebridades se agita. Colin Laney tem uma habilidade rara, consegue distinguir padrões em meio a pilhas de dados aparentemente imuteis e desconexos de celebridades, sendo capaz de conhecê-las melhor do que elas. O uso dessas informações pode acabar com carreiras sólidas ou elevar desconhecidos a celebridades. Já Chia é membro de um fã clube da banda Lo/Rez e vai para o Japão descobrir a verdade sobre o casamento.

O mundo das celebridades na era do ciberespaço.

Os interesses dos personagens convergem e se entrelaçam habilmente na escrita de Gibson. Não apenas Laney e Chia, mas também no guarda-costas de Rez, Blackwell e a presidente do fã clube Lo/Rez Zona Rosa, são opostos interessantes aos protagonistas.
Diferente de Neuromancer, onde o Ciberespaço praticamente engoliu o mundo físico, em Idoru, ambos os mundos são de importância equivalente. É um mundo visto por um olhar mais cotidiano, menos fantástico de forma que é menos empolgante, mas assustadoramente realístico pela forma sutil que essa influência do ciberespaço se faz presente, representado pela agência de informação Slitscan. 
As novas profissões/ocupações, assentadas no ciberespaço, também aparecem neste mundo onde não existiam youtubers nem guarda-costas de players online, mas temos a de Laney, por exemplo, que nem o próprio sabe explicar e outras que requerem um pouco de imaginação para entender. Mesmo com alguns detalhes datados, a essência do livro carrega muito do que temos hoje.

Considerações finais

Poderia citar a história como um ponto fraco, mas melhor que julgar, prefiro entregar a subjetividade do provável leitor sobre o que deseja de um livro. Sendo assim, digo que não é comum ver Gibson tirar o pé do freio e nos entregar uma história mais lenta. Apesar dos personagens serem dúbios, como é característico do autor, e do estilo Ciberpunk, as ameaças aos personagens principais não ajudaram a história a deslanchar, ainda que Laney, Chia, Blackwell e Zona Rosa sejam bons personagens. Quem espera ação este livro vai se decepcionar, mas quem gosta de surfar na imaginação de Gibson vai gostar.

Sobre a edição lida para a resenha: Idoru de William Gibson. É a segunda parte da trilogia "Virtual Light", mas teve apenas este título traduzido. Foi escrito em 1996 e a edição lida para esta resenha foi publicada pela Conrad em 1999. Tem 247 páginas.
 
Edições do Japão e do Reino Unido, respectivamente.

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