Filmes de curta metragem são equivalentes a contos na literatura. Tem a vantagem de você não ter que parar tudo por duas horas pra poder apreciar. Variam de 2 minutos até quase meia-hora. Esta é a primeira parte da seleção com 8 curtas bem bacanas!
"Abiogenesis" de Richard Mans
"Firts Born, The" de Roy Arwas
"From The Future With Love" de Michel Parandi
"KORTEX" de Robin Disch
"Last Human in the Milky Way, The" de Benjamin Combes
Akira é um dos clássicos do cyberpunk japonês dos anos 90. Voltou a ser comentado depois do interesse de Chirstopher Nolan em adaptá-lo em live-action. A história mostra um futuro distópico uma neo-Tóquio reconstruída após a terceira guerra mundial. Kaneda e sua gangue de motoqueiros se sofrem um acidente envolvendo uma criança especial. Um dos membros da gangue Testuo, descobre-se com poderes que não pode controlar. No desenrolar da história vamos descobrir os eventos que destruíram Tóquio e que podem destruí-la novamente. Tudo gira entorno de uma misteriosa criança, chamada Akira. Enquanto não temos a confirmação de que o filme vai acontecer ou não, você pode ler online o original aqui no blog ou baixar para ler off-line.
Clique para abrir o arquivo e ler online ou baixar.
[atualização 11/01/2019: o youtube retirou o vídeo do ar :'( ] Para quem já leu ou ainda vai ler o mangá. A versão em anime de longa metragem de Ghost in the shell pode ser vista aqui no blog na integra. Podemos notar que a história teve de ser encurtada para caber no formato do filme e que a protagonista ficou um pouco masculinizada, mas nada que atrapalhe muito a apreciação do filme. Tem tomadas lentas e momentos de ação intensa.
A versão disponível no youtube é dublada. Apesar deste blogueiro apreciar o material legendado a dublagem foi muito bem feita, afinal o trabalho de dublagem no Brasil sempre tendeu mais para o alto nível que o contrário.
É o futuro próximo. O mundo tornou-se atamente intensivo informacionalmente, com uma larga rede corporativa cobrindo o planeta, elétrons e luz pulsando sobre ela. Mas a nação-Estado e os grupos étnicos ainda existem. E assim na borda da Ásia, em um estranho Estado conglomerado-corporativo chamado "Japão"...
Assim começa a obra clássica do cyberpunk "Ghost in the Shell" de Masamune Shirow. O foco da história é o limite do ser humano e seu significado, quando a policial Major Mokoto teve tantas partes humanas substituídas que seu eu digital não sabe mais se é humano ou apenas um fantasma. Junto com o seu parceiro Barto ela está na caça de um criminoso chamado Mestre das Marionetes e se envolve numa trama envolvendo as corporações mais poderosas do Japão.
A distopia cyberpunk mostra um ambiente urbano sujo, cheio de luzes onde as corporações tem poder de controlar a mente e o corpo. As reflexões dos personagens são profundas e a ação é intensa. Vale a penas ser lido.
A ficção científica de Ursula K. Le Guin tem uma abordagem social inconfundível. Suas histórias são tubos de ensaio onde são discutidos feminismo, anarquismo, taoismo, etnografia, mitologia, sociedades revolucionárias, individualismo, coletivismo, entre outros temas nos livros que englobam o chamado Ciclo de Hainish. A qualidade da prosa de Le Guin está em inserir temas complexos de forma muito sutil no decorrer das histórias. Deste ciclo "A mão esquerda da escuridão" é seu livro mais notório e Os Despossuídos também tem destaque. Os dois livros são os únicos do ciclo para download. Se você tiver um e-book faltante envie para wilburdcontos@gmail.com
Ursula Le Guin também tem uma obra consolidada na Fantasia com seu Ciclo Terramar (Earthsea), há qual temos completa no blog. A escritora tem inúmeros contos e vários romances publicados, infelizmente pouca coisa está na nossa língua materna.
Para baixar clique no título, alguns deles estão apenas de forma ilustrativa.
Livros do Ciclo de Hainish de Ficção Científica (ordem cronológica da história)
Olhava
para o horizonte
em meio a todo o caos que tomara conta do mundo. Nádia imaginou as
pessoas buscando abrigo. Soube da correria e desespero de famílias
unidas buscando lugar em alguma nave rumo à Marte ou a alguma lua de
Júpiter ou Saturno. Mas não havia abrigo suficiente para o que
estava por vir. Pensou também nos solitários conectados que
buscavam informações que lhe acalmassem. Sabiam eles do inevitável,
porém recusavam-se a sair de suas poltronas e consoles. Sentiu pena
em imaginar o que fariam quando a energia acabasse.
Sentada
em posição de flor de lótus. Solitária. Sobre uma colina próxima
do centro urbano de Astana encarou o astro-rei em seus suspiros
finais. O sol pulsante havia semanas, enviando ondas de calor que
destruíram cidades inteiras em questão de segundos. Os cientistas
já haviam desistido.
O
que Nádia via era o sol. O astro-rei. O objeto mais importante para
a manutenção de toda a vida e existência na Terra e nas colônias
dentro do sistema solar entrando em colapso. Aquele evento que nunca
preocupou a humanidade tornara-se presente. O momento em que o sol
explodiria e passaria de uma estrela do tipo anã amarela para se
tornar uma gigante vermelha. Era um absurdo aquilo acontecer milhões
de anos antes do previsto.
Nádia
já havia parado de matutar sobre as dúvidas que os astrofísicos
compartilharam com ela. Será que erramos cálculos tão sólidos?
Será que há outro agente que está causando isso? Gritavam
desesperados perto dela. Nunca saberia. Sequer se preocupou mais em
divagar sobre isso. Afinal se os especialistas não sabiam, uma
historiadora não ajudaria muito. Apenas relembrou o que aprendeu
sobre isso. Imagens gráficas do evento. Os planetas rochosos sendo
engolidos pela presença física da estrela em nova fase até deixar
Júpiter ocupando o posto que era de Mercúrio.
Talvez,
continuou a refletir, aqueles que tentaram fugir para Ganimedes,
Europa ou ainda para a longínqua Titã, queiram mesmo acreditar que
estariam seguros nessas colônias e se agarraram com todas as forças
nesta mínima possibilidade. Lá no fundo sabiam que o futuro das
colônias não era melhor que o da Terra. Mas Nádia não queria se
enganar. Escolheu um final diferente para sua existência. Nada de
encolher-se e esperar o calor infindável. Preferiu colocar um par de
óculos de lentes douradas especiais e encarar a estrela prestes a
entrar em colapso de frente.
Relembrou
de sua juventude, redescobrindo a primeira de várias ciências
mortas que virou a missão de sua vida. Apenas para ver tudo morrer
novamente. Remoendo mais coisas, ficou aliviada diante da situação
por nunca ter sido mãe. Remexeu em outras decisões de sua vida, mas
afastou esses pensamentos afirmando a si mesma que são inúteis numa
hora dessas. Alguma coisa seria útil?
Pensar
no passado era o que restava para quem não poderia mais pensar no
futuro. Como historiadora não me falta material mental para
refletir. Alegrou-se brevemente. Mas a história serve para refletir
sobre o que faremos no futuro e…
Seu
raciocínio foi interrompido por um estrondo e uma luz que durou
pouco mais que alguns segundos. Se não fossem os óculos estaria
cega por ela. Uma região habitada a quase perder de vista ardeu em
chamas e radiação. O calor aumentou e podia observar o sol pulsar
para os lados como se empurrando alguém que estivesse ao seu lado
lhe incomodando.
-
Está chegando. Finalmente! - Murmurou para ninguém.
Ao
contrário do que havia visto em filmes de fim do mundo não havia
lugar para niilismo sóbrio. Nem para ela que estava apenas
contemplando o sol pela última vez em toda a história da
humanidade. Não houve escatologia que nos preparasse para o que se
iniciara, nem um crepúsculo para a coruja de minerva e ela se sentiu
impotente pela última vez.
Pôde
ver o astro-rei aumentar de tamanho rapidamente e sentiu as suas
lentes derreterem em seu rosto antes de ficar completamente cega. O
calor tomou conta se seu corpo, mas em seguida não sentiu mais nada.
Estranhamente sentiu-se como no fundo do oceano quando mergulhara em
sua juventude, mas sem o aperto da roupa de mergulho. Buscou olhar
para os lados e raciocinar mas não conseguiu e então a última
existência chegava ao fim.
Este miniconto foi chupado descaradamente por este blogueiro da coletânea Futuro Proibido. "O repórter da Cia" foi escrito por William S. Burroughs que joga na cara todas as contradições da política estadunidense durante a Guerra Fria, período em que o texto foi escrito. O que vale dizer é que o texto foi rejeitado, de revistas ditas liberais e visionárias, assim como todos textos da coletânea. Depois de ler, comenta ai se você acha que deviam ter impedido de publicar ou se, como eu acho, os editores seja lá quem fosse eram uns cagões. Boa leitura.
O Repórter da Cia
Esta noite, seu repórter amigo e imparcial, Joe bane, entrevistará o supermulá Aiatolá Khomeyinni, que se faz passar por líder espiritual dos 32 milhões de malucos do Irã que rezam e choramingam para ALá, inspirado pelos estimulantes ensinamentos do Islã: "Alá... Alá... Alá..." E uma ninhada de asiáticos mais miseráveis, sujos e doentes surge do esgoto para escarrar sua tuberculos sobre a Antiga Glória.
Senhor Koatimundi... não é fato que sua proposta de cancelar contratos militares americanos e fechar bases americanas representa um convite para o crescimento proporcional da influência militar russa? O senhor não estaria, na verdade, rolando par a cama dos comunistas, e entregando o Irã para Moscou numa bandeja de petróleo? Falando claramente em inglês americano, o senhor não é um agente de aluguel pago pelos soviéticos sindicalizados?
Senhor Koatimundi. Em uma entrevista para o Le Monde, um jornal de Paris, França, o senhor declara que deu permissão para se prepararem... o senhor admite que a "preparação" envolve a aquisição de armas. Quando lhe perguntaram se essas armas poderiam quem sabe vir da Rússia soviética através da assim chamada Organização para Libertação da Palestina, o senhor disse: "Eu não tenho informações..." Bem, eu digo que o senhor está mentindo até as gengivas, seu banguela chupador de caralho - o que o senhor tem a dizer sobre isso - HEIM?
Veja estes storyboards raros do filme Blade Runner. Para quem quiser se aprofundar nas técnicas usadas na produção ou para saciar a curiosidade sobre o material raro, fica a dica para apreciação.
A máquina de governar (The Vulcan's Hammer) é um livro pouco conhecido de Philip K. Dick. Foi publicado pela primeira vez em 1960. Em língua portuguesa só existe a versão portuguesa da Coleção Argonauta. Para quem não gosta ou não está habituado a escrita ao modo dos lusitanos, é difícil acompanhar a história. Particularmente usei esta obra para me habituar as peculiaridades da língua características em toda a Coleção Argonauta, tendo em vista que é a única versão não tive muita escolha além do inglês. Como a trama não é complicada, ainda que não deixe de ser interessante, foi um bom começo. Bem, vamos falar da história dele. O livro nos leva a um mundo futurista onde governos foram substituídos na arte de governar por um por um computador racional e que se autorrepara. Este computador se chama Vulcan e ele está na sua terceira versão, sendo o atual regente designado Vulcan 3. Para cuidar do computador fornecendo tudo que este designasse surgiu uma organização chamada "Unidade". Ela reorganizou o planeta em zonas administrativas, que suprimiram os países. Durante a história acompanhamos vários personagens, mas principalmente o diretor da zona Norte da América, William Barris e o Diretor Geral James Dill. Como todos os personagens principais de Dick tem falhas de caráter misturadas com qualidades, sempre fugindo do maniqueísmo na elaboração dos personagens.
A Unidade se assemelha bastante ao Partido Nazista, não apenas pelos uniformes elegantes, cinzentos e ornados com faixas vermelhas nos braços, mas também na organização piramidal e no constante clima de paranoia e denuncias entre os diretores com o simples objetivo de galgar degraus na organização. Para os civis trata-se de um mundo bastante opressivo, uma ditadura de fato, como podemos notar nas cenas iniciais em que Dill vai buscar uma menina especial em sua sala de aula e o diálogo que se segue entre os dois. O centro psicológico de Atlanta é sempre mencionado com medo por todos os personagens.
Como se trata de um romance bem curto e narrado de forma bastante frenética, principalmente do meio para o final, não quero entregar muito a história. O que acho que pode ser dito sem estragar a leitura é que temos uma organização que luta contra o governo de Vulcan 3, chamada Os Curandeiros, liderada pelo Padre Fields. Quando um diretor chamado Pitt é assassinado pelos curandeiros Barris resolve investigar sua morte. James Dill também faz a sua investigação, contudo ele se consulta secretamente com o computador antecessor a Vulcan 3, o Vulcan 2. O jogo de paranoia e poder se inicia a partir dai e os computadores são peças chave na trama.
Está e uma novela considerada fraca, frente as grande obras do autor. Algo que conta contra o livro é o tema tratado (Estado Totalitário) já havia sido abordado e as questões filosóficas do autor estarem pouco presentes, contudo, merece ser lido porque é um livro digamos "redondo", tem bastante ação e para quem é fã do autor vai notar o dilema do limite homem-maquina em meio a loucura e paranoia que tomam conta daquele mundo.
Ficha técnica: "A Máquina de governar" (Vulcan's Hammer); Autor: Philip K. Dick; Editora: Argonauta; Nº de páginas: 209; Ano: 1974 (1960); Aquisição: Comprado em sebo por (segure-se na cadeira) 2 reais.
Atualização de 2021: Agora tem versão em vídeo deste livro, no canal Diário de Anarres, no YouTube, que complemente este texto. Confere lá: